quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ROSENTHAL CENTER FOR CONTEMPORARY ART

Localizado em lote de esquina em Cincinnati, capital do estado de Ohio, o Rosenthal Center for Contemporary Art (RCCA) possui espaços para exposições temporárias, instalações e performances, mas não para mostras permanentes. O edifício abriga ainda salas de aulas, setor de preparação de exposições, escritórios, loja e café.
Para intensificar o movimento de pedestres na redondeza e criar um espaço público dinâmico, a entrada, o lobby e as áreas ao redor do sistema de circulação são organizados como se fizessem parte do tecido urbano. Começando na esquina, o piso de concreto se transforma em parede, adquirindo a forma de fundo infinito de um estúdio de fotografia, uma continuidade descontínua.
Erguendo-se e deslocando-se, essa continuação do tecido urbano imaginado por Hadid conduz os visitantes para a rampa que leva ao mezanino, e continua subindo até penetrar na caixa preta, onde está a galeria de exposições. Esta, em contraste, se expressa por uma sucessão de polimentos no material de revestimento, como se tivesse sido esculpida em um único bloco de concreto que flutua sobre todo o lobby.
Os espaços de exposições podem mudar de tamanho e forma, para acomodar a grande variação de escala da arte contemporânea. Segundo a arquiteta, as visuais de dentro das galerias em direção à área de circulação são imprevisíveis, criando diferentes percepções das rampas em ziguezague, que sobem por uma estreita fenda. Ao mesmo tempo, essas diversas galerias se relacionam como se fossem um quebra-cabeça tridimensional, criado por cheios e vazios.
Por estar em lote de esquina, o projeto possui duas fachadas, diferentes mas complementares. A face sul, aberta para a 6th Street, forma ondulações e uma pele transparente que permite observar o interior do RCCA. A fachada leste, na Walnut Street, apresenta-se como uma escultura saliente, que produz uma marca, em negativo, do interior das galerias.


VITRA FIRE STATION

As funções de proteção e definição de espaços significaram o ponto de partida do desenrolar do conceito arquitetônico desta edificação: uma série linear e estratificada de paredes. O programa ocupa os espaços que resultam entre essas paredes, perfurando-os, inclinando-se e inclinando-se e quebrando-se de acordo com os correspondentes requisitos funcionais. O edifício é hermético desde uma leitura frontal, revelando seu interior unicamente através de uma perspectiva perpendicular. Passando pelos espaços da estação, permite às vezes, a visão momentânea dos grandes caminhões vermelhos, estacionados na garagem. Suas rotas estão desenhadas no asfalto. De forma similar, os exercícios ritualizados dos bombeiros se desenham no solo, em uma série de notações coreográficas. O edifício inteiro é movimento congelado. De algum modo pretende expressar essa tensão de permanecer alerta e pronto para poder entrar em ação a qualquer momento. As paredes parecem deslizar-se umas sobre as outras, enquanto que as grandes portas deslizantes formam na realidade uma parede móvel.

Todo o edifício está construído em concreto armado aparente. Tratou-se de evitar qualquer classe de acessório – como guarnições, ou revestimentos nos cantos – porque ofuscaria a simplicidade da forma prismática e a qualidade abstrata do conceito arquitetônico. Hoje a estação abriga o Museu de Cadeiras.

ZAHA HADID: VIDA E OBRA

Zaha Hadid nasceu em Bagdá no dia 31 de Outubro de 1950. Formou-se em matemática na Universidade Americana de Beirute. Após se formar, passou a estudar na Architectural Association de Londres. Depois de se graduar arquiteta (1977), tornou-se membro do Office for Metropolitan Arquitecture, o que a levou de volta à Architectural Association (AA), para lecionar juntamente com seu antigo professor Rem Koolhaas e com Elia Zenghelis.

Durante mais de duas décadas a arquiteta não conseguiu viabilizar seus ousados projetos. Apesar da chegada dos computadores e do avanço tecnológico, o público ainda não estava pronto para a nova ordem arquitetônica de Zaha Hadid: libertação de todos os códigos existentes. Nesse mesmo tempo, ela se consagrou professora convidada nas escolas de arquitetura da Universidade de Harvard e Columbia. Também deu aulas na Universidade de Chicago. Durante o ano de 1994, Zaha ocupou a cadeira Kenzo Tange na Graduate School of Design da Universidade de Harvard. Hoje ela tem dado aulas e conferências em todo o mundo.

Em 1983 sua obra mereceu reconhecimento internacional, com o primeiro lugar no concurso para o desenho do The Peak Club, em Hong Kong. Até os dias de hoje são dezenas os projetos de Zaha Hadid que receberam premiações, entre eles estão: Kurfürstendamm, em Berlim (1986); Centro de Arte de Mídia de Düsseldorf (1993); Casa de Ópera da baía de Cardiff (1994) e o Rosenthal Center for Contemporary Art. Muitos dos seus projetos premiados não foram construídos.

Em 1988, Zaha fez parte do pequeno e seleto grupo de arquitetos a quem Philip Johnson consagrou a exposição: Desconstrutivismo (quebra do tradicional arquitetônico). O seu trabalho evidencia as suas capacidades para lidar com as características de cada. espaço urbano, expandindo e intensificando as relações com a paisagem existente, procurando atingir uma estética de caráter visionário.

Os avançados e diferentes projetos de Zaha, que anteriormente, não eram construídos devido à sua ousadia, começaram então a cair no gosto popular, que se tornava cada vez mais ousado, e algumas obras de Zaha Hadid foram concluídas, com entusiasmo, em todo o mundo. Algumas foram resultado de concursos, e outras foram feitas por convite. Em 1999, ela foi convidada a projetar um espaço dentro do Millenium Dome, batizado de Mind Zone. Em 2000 foi concluído o pavilhão do jardim em Weil am Rhein, na Alemanha. Depois vieram a estação de Estrasburgo, França (2001), e a rampa de esqui em Innsbruck, Áustria (2002). Estes projetos foram capa de diversas revistas pelo mundo, e deixou claro que Zaha Hadid tinha entrado em uma fase prática da sua arquitetura.

Em 2003, Hadid além de ter recebido o prêmio Mies Van der Rohe de melhor edifício da Europa, viu uma das mais importantes de suas obras ser concluída: O Rosenthal Center for Contemporary Art, em Cincinati, Estados Unidos, cujo concurso venceu em 1998. O edifício foi considerado o mais importante museu norte-americano desde o pós-guerra, além de ter recebido elogios por toda parte da imprensa. Depois dessa obra, Hadid passou a ser cogitada para diversos outros projetos.

Em 1999, Hadid venceu outro importante concurso para uma edificação com o mesmo programa do Rosenthal: O Centro de arte Contemporânea de Roma, considerado um dos mais interessantes projetos da arquiteta e o primeiro museu que a Itália dedicará ao tema. Neste mesmo ano, a equipe de Zaha venceu o concurso internacional para a nova rampa de esqui da montanha Bergisel, em Innsbruck, Áustria, que foi inaugurada no ano 2002.

No ano de 2000, Zaha venceu mais um concurso, para o Centro de Ciência em Wolfsburg, na Alemanha. Esse edifício, será a primeira edificação do gênero no país. O prédio deverá aguçar a curiosidade das pessoas que o visitam, por possuir um aspecto misterioso, com um alto grau de complexidade e estranheza.

A arquiteta continuou a ganhar concursos nos anos seguintes. Ainda no ano 2000, obteve o primeiro prêmio na competição para o terminal marítimo de Salemo, Itália. No ano seguinte foi premiada pelo plano geral do Pólo de Ciência de Cingapura. Em 2002, foi a vez da sede da BMW, em Leipzig, Alemanha, e do Centro de Arte, França.

Em 2004, Zaha Hadid foi premiada com o mais importante prêmio da arquitetura, o Pritzker Arquitecture, pelo conjunto da sua obra, ao ser atribuído a ela, este prêmio veio ajudar a olhar com mais atenção a história da presença das mulheres na arquitetura.

Zaha é uma arquiteta teórica e prática. Por muito tempo ela ficou conhecida pelos projetos que não conseguiu tirar do papel, do que pelos que realmente concretizou. E mesmo sabendo disso, ela defende a importância de construir projetos teóricos, pois desse modo, ela “transcende a idéia de fazer estruturas interessantes para conseguir verdadeiras estratégias construídas.”

Zaha Hadid coloca em seus projetos o conceito de deformação, da estratificação e da justaposição, introduzindo assim, a complexidade nos objetos arquitetônicos. Os admiradores do seu trabalho costumam engrandecer sua articulação espacial, sua mobilidade fluida, e a maneira como seus trabalhos exaltam paisagens naturais que conferem aos seus projetos uma beleza dinâmica e um grande poder de inovação. Zaha é tida como uma das melhores interpretes do mundo atual.